Sade e o teatro brasileiro

JUSTINE
http://www.satyros.com.br/em-cartaz/julietteemcartaz-5

Por: Os Satyros 







A FILOSOFIA NA ALCOVA
https://www.youtube.com/watch?v=rLMyDyp7vSo

Por: Pigmalião Escultura Que Mexe




OS SATYROS


Entrevista com o diretor de teatro Rodolfo Garcia Vazquez

Em 1989 é fundada a Cia. de teatro Os Sátyros por Rodolfo Garcia Vasquez, diretor e dramaturgo, e Ivam Cabral, ator. Os dois decidiram fazer um teatro diferente, numa época em que, segundo eles, o teatro era formal demais. E para mostrar que vieram para fazer algo inovador estréiam com uma peça adaptada do Marquês de Sade “A Filosofia na Alcova”, intitulada “Sades ou Noites com professores imorais”. Tratando-se de um autor polêmico, tanto no século XVIII, como nos dias de hoje, a obra causou furor, para o bem e para o mal. A Cia., desde então, construiu uma história, passou alguns anos na Europa se apresentando e fazendo muito sucesso e cultivando polêmicas também. Instalados atualmente na Praça Roosevelt em São Paulo e também com espaço em Curitiba, a Cia. adaptou outras obras do Marquês, como “Os 120 dias de Sodoma”, em 2006 e “Justine ou os infortúnios da virtude”. 

Para falar da obra e das influências do marquês na Cia., Rodolfo Garcia Vasquez nos concedeu, muito gentilmente, uma entrevista [e nos autorizou a publica-la] sobre sua leitura das obras do Divino Marquês, nos indicando suas influências intelectuais e a repercussão das peças.


Qual foi o primeiro contato de vocês com as obras de Sade?

Rodolfo- Foi exatamente em janeiro de 1990. Nossa iluminadora, que trabalhava para o cartunista Angeli, viu o momento de tensão do grupo e disse: "tenho um desafio para vocês. Leiam isto. Duvido que vocês tenham coragem para adaptar para o teatro." Pegamos o livro e era uma edição dos anos 80 de A Filosofia na Alcova. Ficamos chocados com o livro. Achávamos o desafio imenso. Mas, com a nossa radicalidade juvenil, aceitamos enfrentar Sade. Em junho de 90 estreamos nossa adaptação do livro.


O que os levou a ler Sade? E a fazer uma montagem do autor?

Rodolfo- Foi o desafio de ler e pensar em adaptar para o teatro. A montagem foi outra coisa. Vivíamos no momento Collor, não havia uma política pública para a cultura, éramos jovens e não aceitávamos tanta hipocrisia e conservadorismo na sociedade da época. Era quase um grito de desespero fazer Sade naquele momento.


Dentre as montagens que vocês fizeram das obras de Sade, qual mais se adaptou à linguagem teatral?

Rodolfo- A mais tranqüila, que possui mais elementos dramáticos, é A Filosofia na Alcova. Vários trechos completos do romance foram conservados na adaptação. Há uma profusão de diálogos que permitem uma transcrição quase literal da obra.


Que influencias filosóficas, acadêmicas os levou a ler as obras do Divino Marquês?

Rodolfo- Não vou me recordar agora de todos os autores que lemos, Klossowski, Simone de Beauvoir, Barthes, Apollinaire, Bataille, Breton, Pauvert e tantos outros.


Qual obra do marquês acabou por ler? Se foi uma tradução, qual? Ou a leram em francês? Ou fizeram a sua própria tradução?

Rodolfo- Lemos várias traduções, em especial trabalhos traduzidos por Contador Borges e Eliane Robert Moraes. Eu pessoalmente li vários originais.


Qual experiência de leitura e interpretação Sade trouxe a vocês? 

Rodolfo- Uma visão mais complexa da função do artista, dos limites da arte, dos limites morais e dos impulsos mais básicos e animais da condição humana.


O que vocês entendem como a filosofia libertina de Sade?

Rodolfo- Responder essa pergunta em algumas linhas é difícil. Seria preciso fazer um tratado. Em linhas gerais, eu diria que ele está inserido em um contexto histórico bastante conturbado. Os clubes libertinos eram muitos na Paris do século XVIII. A libertinagem tinha mais a ver com a liberdade de pensamento e a recusa do poder moral da Igreja onipresente da época. A filosofia libertina de Sade, especificamente, busca nos tirar da posição de conforto do pensamento tradicional e nos joga para pensar no que, segundo ele, são duas questões fundamentais da vida: a busca do prazer e a inevitabilidade da destruição. A natureza desnaturalizada de Sade é uma filosofia do Mal, que busca a libertação do homem da Moral opressiva para a transformação do ser.


Conseguem vê-lo como um filosofo?

Rodolfo- Um Nietzsche avant la lettre.


Falem um pouco da recepção do público brasileiro às apresentações da 'filosofia na alcova'?

Rodolfo- Nos anos 90, choque absoluto. Hoje em dia, transformou-se em um espetáculo mais palatável. Temos histórias fantásticas em relação à recepção da obra em diversos países. Em 93, no espaço de seis meses, apresentamos a peça em cinco países diferentes com reações absolutamente diversas. Da histeria escocesa ao humor em Londres, do choque em Portugal à censura na Ucrânia, aconteceu de tudo.





OS HEDONISTAS




SADE EM SODOMA


Trecho da peça disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=FA1R15CnWIA


VIOLÊNCIA E PAIXÃO



Um comentário:

  1. http://oglobo.globo.com/cultura/guta-stresser-interpreta-cafetina-em-sade-em-sodoma-peca-que-estreia-na-caixa-cultural-3010119

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